Como queremos elevar o conceito de "minimalismo" a todo um outro nível - nomeadamente, ao nível das viagens de um mês de bicicleta - a questão do equipamento foi algo que soubemos desde cedo que teria que ser bem pensado.
A nossa principal preocupação é o conforto. Pedalar vai ser um esforço físico que faremos durante 3-4 horas diárias durante 30 dias e por isso tudo o que nos ajudar a tornar esse esforço mais suportável é importante. A segunda preocupação é o peso/volume. Minorar esforço, sim senhora. Mas se levar uma coisa que supostamente me irá minorar o esforço isso me ocupa muito espaço ou me acrescenta peso à carga que terei que puxar, então pode acabar por ser pior a emenda que o soneto. Daí que esta relação conforto-utilidade / peso-volume seja para ser considerada em todos os objetos com muito cuidado. Incluindo a roupa.
Tínhamos apenas 3 grandes linhas para nos orientar na escolha do equipamento certo:
- arejado e confortável: vários ciclistas de viagem recomendam roupa de tecidos naturais e que portanto deixem a pele respirar melhor e sem cheirar mal. Como já tínhamos descoberto com as corridas as maravilhas do Dri-Fit, que a Nike cunhou mas que já muitas outras marcas adaptaram, ficamo-nos por roupa desse género. Basicamente a roupa Dri-Fit é feita de forma a retirar o suor da pele para o tecido através do qual ele depois evapora, nunca se ficando com a roupa empastada contra a pele, como acontece com o algodão, por exemplo. É um tecido repleto de buraquinhos minúsculos, que explicam a tal evaporação. O tecido não é natural, mas como a experiência própria me garante que uma pessoa continua fresca mesmo após esforço elevado e contínuo, decidimo-nos por t-shirts destas. A vantagem é que é menos uma coisa a meter no orçamento: as corridas organizadas recompensam os seus participantes com estas maravilhas úteis.
- calções almofadados: apesar de os achar extremamente cómicos (aquilo parece que tem uma fralda incorporada), o D. acabou por me convencer que eles vão ser uma necessidade. São muitas horas sentados naqueles selins desconfortáveis, muitos dias seguidos, por isso é mesmo bom que o rabiosque vá confortável.
- sandálias: o Andrew Sykes do Cycling Europe, que já atravessou a Europa duas vezes de uma ponta a outra e de cima a baixo, refere que depressa descobriu que os ténis de ciclista não eram o melhor tipo de calçado para uma viagem de bicicleta durante o verão. Sandálias, diz ele, são muito mais confortáveis porque deixam os pés respirar. Eu ainda não me decidi sobre isto. Se por um lado as sandálias fazem muito mais sentido, não tenho o otimismo necessário para só meter na bagagem sapatos abertos (além das sandálias, os chinelos de praia). E levar um terceiro par parece-me excessivo. Apetece-me mesmo muito comprar uns novos ténis de corrida, daqueles à séria, e este seria um bom pretexto... Por isso, a ver vamos.
Todas as vozes do bom senso nos aconselham a levar impermeáveis dos ultra-leves, ultra-compactos. O verão português não é o éden que se pinta e apanhar chuva em 30 dias é de uma probabilidade razoável. O mesmo se pode dizer em relação ao frio, não frio de congelar o nariz mas frio de se precisar de um casaco fino. Duas coisas a juntar ao equipamento.
Finalmente, uma coisa que muito provavelmente se revelará indispensável serão as luvas, desta vez não por causa do frio (não sou otimista em relação ao verão português mas também não sou louca) mas sim por causa dos calos:
O tamanho reduzido faz acalmar o receio de estar a empacotar uma coisa que poderá vir a provar-se desnecessária.
Quanto ao equipamento de passeio, a coisa resumir-se-á a encontrar nos guarda-vestidos de ambos as peças mais leves, menos propensas a amarrotar e o mais versáteis possível. E um fato de banho para cada um.
S.
esta tua viagem e respectivos preparativos é tão entusiasmante que eu se por acaso andar a passear nas estradas portuguesas durante o verão, vou andar o tempo todo de nariz no ar, não vá ver-te a pedalar e poder contribuir para o esforço, dando quiçá uma garrafa de água ou assim :)
ResponderEliminaré que se há o prob do possível frio/chuva, também há o calor tórrido. eu imagino-te a despejar garrafas de água pelo pescoço abaixo, ali na zona do alentejo por exemplo.
se por acaso isso acontecer, tenho a certeza que a garrafa de água será muito benvinda :)
Eliminarcontra o calor é mais difícil de lutar mas a nossa estratégia vai ser basicamente pedalar de manhã cedo e ao fim da tarde, evitando as horas de maior calor, e espalhar muito protetor na pele que estará à mostra. e muita água para dentro, claro.