segunda-feira, 7 de julho de 2014

10º dia: Nazaré - Peniche

Dia 10 - Nazaré - Peniche
Total do dia: 60,1 km
Horas a pedalar: 4h 09 min
Total km acumulados: 432,5 km
Total horas a pedalar: 31h 26 min





Batemos a barreira dos 60 km num dia. Estamos muito orgulhosos e um bocadinho para o estafados. É que estes 60 km não foram a rolar por uma ciclovia afora, num terreno direitinho e agradável. Desta vez contámos com inúmeras subidas, lugarejos, estradas sem bermas largas, enganos e voltas para trás. Mas no final a descida gloriosa até Peniche concretizou-se.
A nossa ideia inicial para este dia era pedalar 26 km até à Foz do Arelho. Mas uma dormida numa cama a sério e a proximidade de casa fizeram com que estes 26 km parecessem coisa de meninos. O problema é que entre a Foz do Arelho e Peniche não existe nenhum parque de campismo. Ou seja, ou fazíamos 26 km ou fazíamos 55...
A maldita Lagoa de Óbidos pelo meio ditou que o caminho fosse feito num enorme desvio da costa. Nenhuma estrada nos levava confortavelmente à volta da lagoa, pelo que no final acabámos por ir a Caldas da Rainha apanhar a N8 e depois N114 até Peniche. Mega desvio que só compensou no nosso imaginário porque passámos em Óbidos. E queria deixar já aqui registado que estou profundamente orgulhosa por ter subido de bicicleta até à colina de Óbidos, coisa que nunca pensei que fosse possível e que só mostra que somos sempre mais fortes do que pensamos.


A estrada para Peniche fica do outro lado da colina, pelo que não houve como lhe escapar.
Mas há que começar pelo princípio.
Saímos da Nazaré após o almoço, confiantes por ter encontrado uma alternativa à louca subida pela encosta da Nazaré acima, que me deu calafrios só de a descer. Fomos pela marginal até ao porto e passado um bocadinho estávamos a apanhar a N242 para seguir o nosso caminho rumo ao sul. O nosso destino do dia iria sempre depender de como estivessem as pernas, já que nos dois dias anteriores tínhamos pedalado quase 100 km. Mas as pernas não acusaram esforço acumulado nas subidas iniciais e os rabos não acusaram desconfortos acumulados nos bancos, pelo que decidimos ir até Peniche. Sabíamos que iríamos chegar ao campismo tarde mas, bom, que se lixe.
Fomos até S. Martinho do Porto, uma terra costeira lindíssima que nos fez apetecer espojar na areia, não fosse a chuva que caía e o vento que soprava.


A baía formada pelos molhes que só deixam entrar uma fresta de mar bravo é incrivelmente calma e apetece mesmo, mesmo, mesmo banhar lá.
Ficou a promessa de regresso em agosto.
Entretanto, fomos em direção ao Nadadouro, porque dali pensávamos poder contornar a Lagoa de Óbidos e retomar caminho junto à costa. Mas enganámo-nos, o GPS depois nem apanhava sinal, lá descobrimos que estávamos a ir na direção errada, e uma pausa num café depois e umas perguntas a uns locais lá decidimos então ir ter a Caldas da Rainha, Óbidos, e apanhar a N114 para Peniche. A partir daí correu tudo às mil maravilhas, não fossem as subidas do demo que se multiplicaram, umas atrás das outras, durante os mais de 20 km desde as Caldas até Peniche. Houve uma que durou mais de um quilómetro e dessa não nos devemos esquecer tão depressa porque é aquela inclinação perfeita que uma pessoa consegue aguentar mas em esforço, e longa o suficiente para nunca compensar desmontar e levar à mão, como já aconteceu em uma ou duas vezes em que as subidas eram extremamente íngremes mas curtas. Desta vez o que me manteve nas subidas piores foi pensar nos senhores do Tour de France, que àquela hora estariam a fazer o mesmo que nós, mas muito mais rapidamente e durante muitos mais quilómetros. O esforço é altamente subjetivo, e a cabeça é sempre quem manda.
É com alguma tristeza que constato que a zona Oeste é a que tem, até agora, as piores condições para ciclar, não só pela ausência de ciclovias mas sobretudo pela ausência de estradas com bermas largas. A estrada típica do Oeste é a estrada estreita de curvas acentuadas, com subidas e descidas. A experiência de pedalar torna-se mais desafiante, porque nunca se sabe que subida ou descida nos espera, mas mais desagradável porque os carros passam-nos demasiado rente. E há sempre o otário que nos faz uma razia a alta velocidade. Mas bom, não é nada que impeça a viagem.



Foi com uma alegria enorme que a uns 10 km do destino começámos a ver a cidade de Peniche ao fundo, cheia de casinhas brancas e com o mar ao fundo. E, melhor de tudo, lá embaixo! Acho que foram os 10 km em que pedalámos com mais vigor e rapidez.
Depois era só terras que nunca mais acabavam: Serra d'El Rei, Porto dos Lobos, Atouguia da Baleia, Coimbrã, até que surgiu a placa que eu mais antecipava:



A indicação para a Praia da Consolação, a terra das minhas férias de infância :) A um ou dois quilómetros do destino, o júbilo foi mesmo grande.
Chegados ao campismo, já a receção estava fechada, mas o porteiro deixou-nos entrar na mesma, pré-registando-nos e ficando com um dos nossos documentos como garantia. Ainda fomos montar a tenda, tomar banho e procurar jantar, pelo que foi um dia mesmo comprido.
A pedido de muitas famílias (mentira, só da minha), aqui fica uma foto no campismo:





S.

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