Uma das piores coisas para a segurança de um ciclista é este não querer incomodar. Não querendo incomodar pedala demasiado próximo da berma, não querendo incomodar pedala demasiado próximo dos carros estacionados, não querendo incomodar fica nervoso se sente que está a incomodar, não querendo incomodar fica nervoso sempre que um carro lhe buzina. O que ao início me parecia um contra-senso acabou por se revelar um dos importantes ensinamentos que a experiência e os conselhos lidos me forneceram: a coisa mais importante para um ciclista é ser visto. Eu andei durante demasiado tempo convencida que era não estorvar.
Em cidade especialmente, um dos maiores inimigos dos ciclistas é isto:
Uma porta de um carro estacionado que se abre de repente. É por isso que pedalar o mais encostado à direita possível não é o recomendado. Há que deixar uma distância de segurança entre a berma, com os carros estacionados, e afins perigos que a um automobilista parecem inocentes mas podem levar um ciclista ao chão muito facilmente, como isto:
Os carris também são um pesadelo principalmente porque são quase sempre paralelos ao movimento do ciclista e têm irritantemente a mesma largura que a roda de uma bicicleta.
Ora, em não podendo o ciclista se encostar demasiado à berma, o que acontece em várias ruas mais estreitas é a impossibilidade de um carro ultrapassar o ciclista sem ter que ocupar a outra faixa de rodagem. Mas muitas vezes o automobilista calcula mal as distâncias e acha que consegue ultrapassar na mesma. Nestes casos, quem se lixa é o ciclista. Por isso mesmo, e nestes casos, o mais seguro a fazer é o ciclista colocar-se no meio da faixa onde circula, para não haver equívoco de que o automobilista terá mesmo de ultrapassar a bicicleta pela outra faixa de rodagem, como faria se fosse um carro.
Isto está muito longe de ser o instintivo "não estorvar", e por isso esta consciência da estrada como também nossa tem que ser treinada.
Tendo esta ideia de "a coisa mais importante é sermos visíveis" em mente, como estamos nós a pensar comportarmo-nos durante a nossa viagem de bicicleta pelas estradas portuguesas?
Em três palavras: com extra zelo.
É por isso que o colete refletor será usado sempre (salvo se as nossas t-shirts forem já de si flurescentes), o capacete idem, luz vermelha atrás, luz branca à frente caso tenhamos que pedalar durante a noite ou com chuva.
Quanto ao pedalanço em si, o ideal é ter ciclovia, o segundo ideal é ter alguma espécie de caminho paralelo à estrada que possamos usar como ciclovia, o terceiro ideal é haver uma berma larga. Em não havendo nada disto e sermos obrigados a pedalar na faixa de rodagem, a intenção é fazermo-nos ver a todo o tempo para os automobilistas que vêm atrás. Muitas vezes isso poderá significar pedalar no meio da faixa, e assim o faremos. Os braços esticados para indicar mudanças de direção também não poderão faltar e a música, por muito aliciante que seja para cortar aborrecimento, não será uma hipótese. A audição é um dos sentidos mais preciosos quando se conduz, seja no comforto de um assento automóvel seja em cima de um selim. Não passa pela cabeça de ninguém conduzir de olhos fechados, porque haveria de passar conduzir de ouvidos fechados?
S.
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