Este post poderia ser resumido na seguinte frase: "Nós vamos um bocado às cegas."
Às vezes lembro-me de que não vamos levar GPS, e de que temos as cidades de partida e chegada de cada dia rabiscadas numa tabela de Excel e pouco mais, e começo a ter suores frios. Como preencher os trajetos entre A e B? Como saber, ao pé da placa de fronteira em Caminha, que rua tomar até Viana do Castelo? Como escolher a melhor estrada que nos leve do ponto X ao ponto Y, com a melhor paisagem e as melhores condições para duas bicicletas? As placas de direção são muito bonitas mas estão desenhadas para encaminhar carros para estradas, estradas essas que nem sempre serão as mais indicadas para ciclistas viajantes.
Falo com isto sobre o D., sempre que me dá estes suores frios e para tentar preocupá-lo tanto quanto a mim, e ele diz-me que nós temos mapa e temos boca. Ele é capaz de ter razão e essas duas coisas são capazes de chegar. Não vamos propriamente pedalar largas extensões de terra descampada, sem se avistar vivalma, de forma que o pior que pode acontecer nisto da orientação é termos que perguntar a alguém qual é a estrada que vai até Z ou enganarmo-nos no caminho e ir dar uma volta maior. Na dúvida, é ir sempre para sul, tendo o mar à nossa direita.
Apesar de ter traçado o percurso no Google Maps para cada dia e ter ficado com o caminho mais ou menos estabelecido para a viagem, a verdade é que não será muito prático imprimir todos eles e levá-los connosco. E na questão da orientação no dia, não terão grande vantagem sobre um mapa de estrada normal. É por isso que esse é capaz de ser o nosso instrumento de navegação primordial nesta viagem.
Smartphones teremos também connosco, mas estes servirão principalmente para desenrascar em situações pontuais de aperto mais do que para ditar cada viragem das bicicletas. As baterias de lítio atuais e os mega-sugadouros de energia que são as aplicações com GPS não darão para mais.
Temos assim o mapa e a boca, as ferramentas que orientaram milhões de viajantes durante séculos.
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Recentemente descobri este artigo útil sobre como planear o trajeto de uma viagem de bicicleta. É bastante básico já que ensina como utilizar o próprio Google Maps mas informou-nos sobre um site que desconhecia e que é apropriado para estimar percursos de bicicleta.
Chama-se Cycle Route e funciona exatamente como o GM, dando também a altimetria do trajeto escolhido.
Já aqui falei de como a nossa estratégia é manter-nos na ignorância quanto à dificuldade das subidas durante o caminho mas não deixa de ser interessante espreitar um ou dois trajetos de dia. Será também útil para visualizar, no dia anterior, que tipo de estradas nos esperam para o dia seguinte, através do bonequinho do Street View. Continuando no exemplo do trajeto Caminha-Viana do Castelo, temos aqui a N3:
Parece plana o suficiente. E aquele caminho paralelo à estrada do lado esquerdo está-me a parecer sonhadoramente uma ciclovia...
O nosso ponto aqui é que não iremos utilizar apps sofisticadas, nem sequer GPS para nos guiar durante o pedalanço. Vamos a modos que au naturel, ainda que nos reservemos o direito a olhar atentamente o percurso no Cycle Route na noite anterior. No dia, será mesmo só o mapa.
S.
Quanto ao percurso, é simples: para sul até ao Cabo de S. Vicente; para Este até Espanha.
ResponderEliminarO que me preocupa um bocadinho(zão) é a segurança. Os condutores portugueses não são nada, nada amigos dos ciclistas.
Pois. Estou habituada a conduzir em cidade e a partilhar a estrada com os carros mas a verdade é que aqui em Bruxelas há bastantes ciclovias. Já nos decidimos a levar colete refletor vestido e capacete, duas coisas que aqui me parecem supérfulas mas que numa viagem de tantas horas passadas em estrada não se pode arriscar não levar.
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