Foram 25 km a passo de passeio numa parte incrivelmente bonita da costa belga e holandesa. O facto de o percurso se ter feito tão bem, e até em menos tempo do que antecipava, fez com que as minhas dúvidas em relação à possibilidade de acabarmos a grande viagem se acalmassem consideravelmente. Ainda assim, tenho noção que as condições que encontrámos em Knokke serão muito diferentes das condições que anteciparemos encontrar na costa portuguesa. Nomeadamente:
- a planeza: que não tenhamos dúvidas: 25 km em Países Baixos, por estradas onde não se sente quase declive nenhum salvo uma ou outra subida por zonas de terra para melhor admirar a costa holandesa, nada têm que ver com o relevo acidentado do território português. Só isto explica que nenhum músculo se manifestasse no dia seguinte, mesmo que nunca tenhamos andado mais de 10 km de bicicleta antes. Até o pobre relógio não conseguiu registar nenhuma elevação, reparem nos "0 m Elevation (?)" da imagem acima.
- as ciclovias permanentes: uma coisa é pedalar ao longo da costa e reservas naturais num caminho individualizado e preparado para receber bicicletas. Outra coisa diferente é pedalar em estradas mais ou menos movimentadas, partilhando-as com carros e motoristas impacientes, que nos ultrapassam a grande velocidade. O stress será maior durante a nossa viagem pela costa portuguesa, em níveis diferentes consoante as condições das estradas a pedalar (muito ou pouco movimento, largura da berma, condição do piso, etc).
- grande quantidade de outros ciclistas: isto é uma coisa muito basicamente humana e não há como negá-la. As pessoas gostam de fazer parte de coisas, de se imiscuirem com os seus pares. É por isso muito mais reconfortante ver que outras pessoas estão a fazer o mesmo que nós, ajuda a fazer-nos sentir que estamos a ir bem. Isto é coisa com a qual não poderemos contar em larga medida durante a nossa viagem, mas que neste treino foi abundante.
Ainda assim, deu para nos prepararmos para certas coisas que serão semelhantes:
- a bagagem na traseira: parece-me que a nossa decisão de levar um saco/mochila em vez dos típicos alforges não será má. Uma mochila deitada vai bem presa por elásticos na traseira da bicicleta e não interfere com a condução da bicicleta. A única diferença será que ainda por cima da mochila levaremos a tenda e o colchão de campismo... Vamos ver se tudo se acomoda.
- o bronze à camionista: pois, o sol de repente despontou e eu ganhei um bonito escaldão nos braços, peito e pernas com o bonito formato da t-shirt e calções. Tenho até um bocado vergonha de admitir que apanhei um escaldão aqui para o norte, devo estar mesmo branquelas, mas o sol é sol em qualquer lado. E isto significa que o protetor solar terá que ser o nosso melhor amigo durante toda a viagem, não importa a que horas se pedale.
- o banco rijo: nada de dores nas pernas, as dores que houve foram no rabo. O que atesta a nossa boa decisão de ter pensado nos calções almofadados para uma viagem de tantos dias e quilómetros.
- na dúvida, é seguir caminho paralelos ao mar: nós fomos andando. Sendo que aquilo tem ciclovias, é só segui-las que nunca nos perdemos - exceto quando começam a haver em mais do que uma direção. A nossa decisão foi sempre a mesma: seguir a ciclovia que nos encaminhava o mais paralelamente ao mar possível. No final das contas, esta será a nossa estratégia básica de orientação em Portugal.
Devo então dizer que a 16 dias da partida a moral está em alta e os turistas tranquilos.
S.
Ena, está quase. E claro que vai correr tudo bem :)
ResponderEliminarPara além das dores no rabo, confesso que também me costumam chatear as dores no fica à frente do rabo, e nunca pedalei mais de 20 km ;)
Gralha, confere. Mas tenho esperança que os calções almofadados protejam toda a área ;)
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