sábado, 12 de julho de 2014

16º dia: Estoril - Fernão Ferro (Sesimbra)

Dia 16 - Estoril - Fernão Ferro (Sesimbra)
Total do dia: 46,6 km
Horas a pedalar: 3h 19 min
Total km acumulados: 575 km
Total horas a pedalar: 42h 16 min


Tivemos uma sorte dos diabos por duas razões: estava efetivamente menos calor, o que nos permitiu partir logo a segur ao almoço, por volta das 13h, e iríamos pedalar na movimentadíssima Avenida Marginal a um sábado.
Já no Porto tínhamos tido a sorte de pedalar a um domingo, o que facilitou bastante o nosso trajeto até ao final da Avenida da Boavista. No caso de hoje, a diferença deve ter sido mínima, já que apanhámos trânsito como nunca até aqui. O problema é que, ao contrário do Porto com a foz do Douro, ao longo de toda a foz do Tejo não há uma única ciclovia. Fiquei mesmo pasmada. 20 km que devem ser dos mais bonitos que já fizémos, capazes mesmo de rivalizar com o nosso passeio à volta das margens do Douro e com tantas semelhanças (cidade de um lado, praia do outro, margem sul lá ao fundo), estragados porque a Avenida Marginal tem duas faixas mas nenhuma berma, o que dá azo a carros sempre a passarem por nós a grande velocidade. Foi mesmo a primeira vez que ouvimos um comentário desagradável, qualquer coisa como "já viste estes de bicicleta, a empatar o trânsito! Há sítios próprios para isto". Pois, o problema é que não há. Ciclovias nem vê-las, passeios mais largos sempre com sinal de proibido bicicletas (coisa que também nunca vi em tanta abundância e me parece de uma mentalidade anti-bicicleta bem mais carregada do que a simples inexistência de ciclovias). Concluíndo: não, minha querida senhora intolerante, não há sítios próprios "para isto". Ou melhor, haver, há, chamam-se "estradas".



Portanto, o nosso primeiro troço do dia foi incrivelmente deslumbrante, rivalizando taco-a-taco com o Porto no que a beleza diz respeito, mas ficando estupidamente atrás no que a condições para pedalar diz respeito.


Na praia da Parede.



A praia de Carcavelos. A zona vermelha é uma ciclovia enganosa: sinal mesmo à entrada de proibido bicicletas a acabar com as nossas esperanças que se acenderam ao ver a passadeira vermelha característica.


Ainda a praia de Carcavelos e Lisboa já lá ao fundo, linda, linda, linda.

O que eu não tinha noção é que esta linha de costa é uma sucessão de praias encostadinhas à estrada, de água azul turquesa incrivelmente calma, que nos fez invejar tanto quem não tinha que pedalar quase até Sesimbra e podia gozá-las à vontade. Nós tivemos que continuar caminho até Belém. O que foi muito engraçado foi ver os nomes de terras a sucederam-se tal e qual as estações de comboio que tínhamos percorrido quatro vezes nas duas noites anteriores até ao Nos Alive. Só tive pena de termos feito sempre as viagens de comboio durante a noite, já que o trajeto, quase sempre encostado ao mar/rio, é lindíssimo.
Chegados a Belém foi procurar as docas de embarque para o ferry que nos levaria até à Trafaria.


Encontrámos também a primeira ciclovia do dia, já em Belém. E isto:


Há mesmo muito azul em Lisboa.

Já no ferry, a vista a abandonar Lisboa é de cortar a respiração (e num dia de verão então, não há palavras).



Ficámos agradavelmente surpreendidos com a quantidade de bicicletas a bordo do ferry, que superou o número de carros transportados.


Na foto vêem-se algumas delas. São transportadas gratuitamente. O bilhete simples, apenas €1,15, foi também uma agradável surpresa. 




Chegados à Trafaria e oficialmente ao "sul", foi altura de ativar o GPS que nos levaria o mais rapidamente possível ao Parque Verde, o nosso parque de campismo da noite. A nossa estratégia para a Península de Setúbal e Serra da Arrábida, sabiamente recomendada pelo pai, é a seguinte: despachá-las o mais rápido possível. Daí que andei a simular caminhos no cycleroute.org para ver quais deles seriam os menos penosos em termos de altimetria. Ir a Sesimbra e daí a Setúbal equivalia quase a suicídio, daí que o nosso trajeto desta vez foi interior e sê-lo-á até chegarmos a Setúbal, amanhã antes da hora do almoço.
Mas ainda sofremos hoje. A saída da Trafaria, mesmo juntinho ao Tejo é sempre a subir durante cerca de 4 km, pelo que sofrimento há sempre. Há agora entre nós uma ânsia pelas planícies alentejanas que não queiram saber. 

Acho que em altura alguma soubemos onde estávamos. Abençoado GPS.




Foi uma sucessão de terras que já tinha ouvido falar mas nunca as saberia localizar no mapa: passámos ao largo de Almada, Corroios, Fogueteiro, Paivas, Costas de Cães,  e finalmente Fernão Ferro, terra da dormida. O trajeto da tarde foi partido ao meio para comer um bom pão com chouriço do Lidl. Muito bom.
Amanhã será dia de acordar cedinho (temo que o calor não nos deixará dormir até tarde de qualquer forma) e de partir em direção a Setúbal e à nossa amada Tróia. Já vimos a Serra da Arrábida ali ao fundo, temível e imponente. Serão só 21 km, desejem-nos sorte.


S.

2 comentários:

  1. Olha, passaram por onde costumo correr :)
    Realmente é pena a ciclovia só começar em Belém (vai até ao Parque das Nações, com alguns cortes pelo meio) mas já ouvi dizer que estão a pensar converter uma faixa da Marginal a ciclovia.

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    1. Para correr não poderia ser melhor, tens toda a minha inveja!
      Converter uma faixa inteirinha a ciclovia? Isso poria a linha de Cascais num outro nível no que às cidades sustentáveis diz respeito!

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