quinta-feira, 3 de julho de 2014

7º dia: Praia da Tocha - Figueira da Foz

Dia 7 - Praia da Tocha - Figueira da Foz
Total do dia: 30,3 km
Horas a pedalar: 2h 9 min
Total km acumulados: 278,7 km
Total horas a pedalar: 20h 02 min



Nada grita mais alto "saímos do distrito de Aveiro!" do que começar a apanhar serras pelo caminho. Só reparei nesta quando planeávamos o nosso trajeto para hoje, hoje de manhã. Queria só pedir umas comiserações por aquele pico ali do gráfico da altimetria em cima. Foi duro.
Tínhamos planeado ir ao Cabo Mondego, indo assim o mais juntinho à costa possível mas quatro coisas conspiraram para que essa ideia depressa fosse posta de parte:
1. Hoje foi o primeiro dia de verdadeiro calor que apanhámos desde o início da nossa viagem. Só queríamos chegar à Figueira o mais depressa possível;
2. Chegando à Figueira o mais depressa possível, queríamos ir dormir para a praia;
3. A Estrada Florestal desde a Praia da Tocha até Quiaios, cerca de 15 km, avisava logo à entrada que tinha piso degradado. Não querendo repetir a experiência de ontem, em que 5 km de piso degradado pareceram 20, o caminho mais perto da costa possível ficou logo arredado;
4. Havia uma serra pelo meio (Serra do Bom Sucesso) e nós queríamos passar o mais depressa possível por ela. Minimizar os estragos, por assim dizer. Ir ao Cabo era passar em cheio por ela.

O piso em mau estado.

Saímos da Praia da Tocha com intenção de enfrentar a floresta durante os seus últimos 15 km. Eu sei que à partida não faria muito sentido estar-nos sempre a queixar do facto de pedalar tendo floresta dos dois lados mas há que entender que aqui a floresta se reduz praticamente a eucaliptos. A sombra é mais fresca do que pedalar em estrada aberta, verdade, mas com o sol a bater quente aquilo exala um cheiro que me faz lembrar sempre incêndios. A juntar a isso o facto de não se ver vivalma durante mais de uma hora e a bicharada toda que se ouve rastejar por entre as folhas, não convida ao passeio (acho que o Diogo ainda atropelou um lagarto). Isto ainda seria tolerável se não fosse o piso esburacado e cheio de pedras soltas, que faz com que o esforço de pedalar 15 km se multiplique pelo dobro ou triplo. Foi isto que nos fez guinar para a estrada nacional.
É também pela estrada nacional que se consegue ter uma ideia dos vilarejos do nosso litoral e isso é uma das coisas que torna a viagem interessante.
Aliviados por voltar à civilização.
Notámos um acréscimo muito grande de trânsito na estrada para a Figueira. Especialmente de camiões. Grande parte da estrada manteve-se com bermas largas, o que para nós é ideal, mas ainda assim sentimos a diferença em relação ao movimento.
E depois foram as duas subidas acentuadas, uma atrás da outra, ao km 25 do trajeto de hoje, quase a chegar à Figueira. A terra "Cova da Serpe" não nos enganou, nem os montes que víamos lá à frente, que não nos deixavam ver o mar. Desceu tem de subir, é um bocado essa a lógica das "Covas". Não mos enganámos. Sol a pique, já com 25 km nas pernas, a suar por todos os poros e com vontade de almoçar. Não foi fácil.

Em esforço

Ainda faltava metade
Mas a dada altura transpõe-se a serra e a Figueira da Foz assoma-se com todo o seu esplendor, com o mar azul brilhante lá ao fundo. Aí houve descida gloriosa.



Já na Figueira, junto ao areal.
Após o almoço já um pouquinho tardio, foi altura de rumar para a praia, refastelar na areia, a pensar como é bom a areia molinha, por oposição ao chão duro dos campismos. Foi uma tarde mesmo bem passada.

A vista da toalha. De vez enquando abria o olho e dava com esta vista lindíssima.


Há bocado apetecia-me chorar um bocadinho ao pensar que amanhã de manhã teremos que nos fazer à estrada novamente, para dois dias de mais de 40 km. Poderíamos fazer uma paragem aqui - ainda não temos nenhum dia de descanso - mas preferimos ter um dia extra na Ericeira para recarregar baterias e receber mimos da família. Mimos que neste momento se traduzem em coisas tão simples como lavar a roupa à máquina ou ter um sítio para estendê-la.
A praia recarregou-nos baterias e a antecipação de uma noite bem dormida faz com que a moral se mantenha alta. Daqui a 5 dias estamos em casa e já teremos feito quase 500 km e percorrido uma parte enorme da costa portuguesa. Quão fixe é isso? :)



S.

2 comentários:

  1. ohpa, não pude deixar de sorrir com a tua racionalização do "há bocado apeteceu-me chorar um bocadinho" :)

    Fantástico relato como sempre!

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    1. Às vezes apetece mesmo chorar um bocadinho, mas curiosamente é sempre só na antecipação, nunca na concretização. A cabeça é o nosso pior inimigo

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