quinta-feira, 17 de julho de 2014

20º dia: Lagoa de Melides - Vila Nova de Milfontes

Dia 20 - Lagoa de Melides - V.N. Milfontes
Total do dia: 63,3 km
Horas a pedalar: 4h 10 min
Total km acumulados: 708,6
Total horas a pedalar: 51h 09 min



O sol começou a bater quente na tenda ainda não eram 7 da manhã. Calhou bem porque nós queríamos fazer um dia no mesmo molde que o anterior: pedalar cerca de 45 km de manhã, almoçar e praia. O bónus do dia 20 é que teria mais 20 km para serem pedalados ao fim da tarde, depois da praia. Queríamos chegar um dia mais cedo a Milfontes para passarmos dois dias no campismo e poupar um "monta tenda, desmonta tenda". A questão era se aguentaríamos mais de 60 km a pedalar num dia tórrido como o que se fez sentir.

Começámos por ir da Lagoa de Melides até Porto Covo. Aí nos primeiros 4 km pensei seriamente que não íamos conseguir fazer mais 40 porque que porcaria de calor era aquele que nem deixava respirar?! As pernas também não queriam obedecer. Os braços reluziam no misto de suor e protetor solar.



Mas houve uma altura em que cortámos para uma estrada de condições magníficas, provavelmente a melhor em que já andámos e que até tinha uma placa que dizia "Estradas da Planície" e os 45 km passaram a parecer toleráveis. A estrada era o IP8, que nos levaria até Sines, estrada de duas faixas de cada lado, uma berma larguíssima em que deu para irmos lado a lado, e plana como indicava a placa ao início.



Assim dá gosto.

A paisagem pouco mudou:



Quilómetros e quilómetros disto. E por falar em quilómetros, de manhã fizémos exatamente 42 seguidos, o número mágico da maratona. É raro fazermos tantos seguidos, penso que só o fizémos mais uma ou duas vezes, e por isso mesmo nunca me falha notar que há pessoas que correm isto. E começo a pensar onde estava quando começámos nesse dia, tudo o que vimos, os esforços que fizémos, tudo o que passámos, a água que bebemos e onde fomos ter e concluo sempre que 42 km a correr é uma coisa espetacular. E apesar de saber que o esforço de correr 42 km não tem nada que ver com pedalá-los, fico muito contente em fazer 42 km seguidos para o meu cérebro se habituar a esta distância, para saber de antemão a lonjura que é, o que custa comê-los à estrada, para que, no dia em que começar o treino para eles, a mente já esteja aberta para tal. Nas corridas de longa-distância, o pior inimigo é a mente e os pensamentos negros que começam a invadi-la e que tornam o esforço físico - em si próprio aguentável com o treino apropriado - sem propósito e por vezes mesmo insuportável. Mas bom, fica o apontamento para quando recomeçar os treinos de corrida.

Voltando à viagem de hoje, pouco antes de se sair do IP8 e cortar para Porto Covo, começa-se a ver o complexo do porto de Sines e os depósitos gigantes de petróleo e gás natural, oleodutos, gasodutos e refinarias que o compõem.


É uma vista imponente.

Não chegamos a ir a Sines porque a estrada para Porto Covo, junto às sucessivas praias que formam a costa da zona, começa pouco antes. Assim que entrámos nela vimos a placa que indicava que chegávamos ao Parque Natural do Sudoeste Alentejo e Costa Vicentina:


A primeira praia dessa costa, S. Torpes, a mais pertinho de Sines, consta que tem uma zona encostada ao molhe onde a água é mais quente do que o normal à conta de uma refinaria que por ali existe e que usa a água do mar para arrefecer as máquinas. Nós não testámos mas vimos as pessoas todas a tomar banho encostadinhas ao molhe, numa praia que tem uma extensão considerável, logo, parece suspeito.

Depois de S. Torpes é uma sucessão de praias lindíssimas, de água límpida de um azul caribense, que custa a crer.




Mas nós tínhamos que ir acertar contas com os estômagos protestantes, a praia teve que esperar.


Depois do almoço tardio na bonita vila de Porto Covo, rumámos a uma das praias pelas quais tínhamos passado anteriormente. O problema foi escolher. Rejeitámos a Praia Grande porque era a mais conhecida e no meio de tanta baía meio deserta por onde escolher, era um desperdício irmos para a mais turística e acessível.
Escolhemos portanto uma das praias em que se tinha que descer falésias para lá chegar.



Eu queria dizer que valeu a pena mas quando chegámos lá abaixo o mar já tinha enchido bastante e a paisagem idílica do mar azul-clarinho e límpido com as rochas pelo meio estava irreconhecível. Parecia só uma praia com rochas.
Mas bom, valeu a pena porque a seguir ao almoço só nos apetece é dormir, de forma que uma toalha na areia calha mesmo bem. E um mar fresquinho onde ir banhar de vez em quando, para aguentar o calor, também.
Na hora de voltar, enquanto subíamos as escadas até ao cimo da falésia, exclamávamos sonhadores em como era tão bom que alguém nos tivesse roubado as bicicletas, o que nos obrigaria a passar o resto da viagem ali em Porto Covo. Chegados ao topo vimos logo as duas ricas tal como as deixámos - nem uma tenda roubada, nada! As coisas já não são o que eram. (Estou a gozar, como é óbvio, até porque as bicicletas não são nossas, a felicidade não ia ser nenhuma.)


E lá fomos nós pedalar mais 20 km até Milfontes.



O caminho continuou tranquilo, bastante fácil (quase sempre na mesma estrada) e bem sinalizado onde era para cortar. Já estávamos cansados mas não rebentados, como em certos dias na zona Oeste.



Umas terras com nomes bizarros.


As cegonhas que continuam por aí.

Mal chegámos a Milfontes encontrámos logo direções para o parque de campismo, pelo que da vila e praia ainda nada vimos. Tendo em conta que aqui vamos ficar dois dias, não há pressa.




S.








2 comentários:

  1. ah que giro, tenho a sensação que essa praia lá em porto côvo me é muito familiar, quase apostaria que era para essa, um pouco mais afastada da aldeia não é? (para norte), para onde eu ia quando passava aí férias.

    O parque de mil fontes também conheço bem (aliás, no meu tempo havia dois, um em frente ao outro), e é um bocadinho afastado do centro e das praias e tem imensa sombra!!

    boa praiaaaaaaaa!! :D

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    1. Quase a chegar a Porto Covo há várias praias nessas espécies de baías. São um pouquinho mais inacessíveis do que a Praia Grande mas todas têm escadas.

      Sim, em Milfontes há dois parques mesmo ao pé um do outro. Nós vamos sempre a pé tanto para o centro como para a praia, não é muito longe mas de bicicleta faz-se melhor.

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